Tuesday, October 25, 2005

Sorria, você está na Bahia!

Já descobri o meu paraíso...e é bem perto daqui, de Valença.
Sabem que vim para aqui ao sabor do vento e do destino. Ou melhor, do acaso...Foi o meu instinto que me trouxe até aqui e tudo o que está a acontecer, acreditem ou não, é puro instinto. Deixo-me levar e chego lá...Estava eu aqui em Valença a começar a ficar aborrecida, - pois porque aqui nesta cidade não há na verdade nada de especial – e surge a oportunidade de ir até Camamu, mais a Sul e a uma cidadezinha (ou aldeia, cá pra nós..) onde se fabricam veleiros de forma artesanal. Sexta-feira, peguei na minha mochila, preparei-me para uma eventual dormida fora de casa, uma noite – bikini e duas blusinhas, a escova de dentes. Lá fui com um carioca amigo do meu pai a Cajaíba do Sul, uma cidadezinha à beira do manguezal. 500 metros de frente para a água e nada mais..não me aventurei para dentro do mato porque não me pareceu ter nada. Lá vi os veleiros a serem construídos, um cheiro forte e bom a madeira, almocei com o vendedor de veleiros uma carne do sol ótima e baratíssima. Já não havia mais barcos para sair dali e eu comecei a pensar que ia fazer eu em Cajaíba até à hora de dormir...logo depois de me terem falado que ali perto havia um local que é a Barra Grande, onde há turistas e é muito bonito, etc...fiquei logo com o fogo no rabo, como se costuma dizer aí, e algo me atraía com força em direcção ao tal sitio...e esperar pelo primeiro barco da manhã do dia seguinte pareceu-me uma eternidade...nesse momento surge um madeireiro à procura de alguém com uma lancha rápida para o levar de volta a Camamu. Foi aí que eu percebi que era a minha oportunidade de sair dali, já que o carioca tinha que ficar por motivos de trabalho...Fui a correr para a lancha rápida (traduzindo – barco a motor, privado, rápido e caro – alternativa ao barco normal, barato, transporte público por excelência nestas paragens..) e lá fui em direcção a Camamu. A ideia era apanhar o barco para Barra Grande. Quase a chegar a Camamu aparece o barco para a Barra que parou para me apanhar no meio do manguezal...sento-me e sinto-me com uma adrenalina e só me dá vontade de rir e ir! Como se eu soubesse o que me esperava..Meti conversa com 2 casalinhos de Ipiaú, uma cidade algures na Bahia. Conversamos durante 1 hora e meia, que foi o tempo de chegar a Barra. Acabei por ir para a pousada para onde eles foram, que odiei. Além de ser um pouco afastada do centro, fui literalmente comida viva por melgas, no quarto onde esperei ter uma noite calma de descanso. O descanso foi a uma da manha ir dormir para a rede que estava à porta do meu quarto porque com o vento que se sente na rua as melgas não chateiam. 3 dias depois as minhas pernas e braços continuam cheios de babas..resultado: paguei a noite e saí da pousada (ali já não voltava a dormir de certeza) para irmos às piscinas naturais no mar...a 5ª praia mais bonita da Bahia ou do Brasil, não sei, mas realmente um paraíso...as 3 da tarde vamos para o ponto de encontro para apanhar o jipe que me levava de volta ao barco para Camamu e depois o autocarro para Valença. Mas em vez de me ir embora decidi ficar mais uma noite...era Sábado e não havia necessidade de me ir embora a meio do fim-de-semana...fiquei sem pensar em pousada, sem pensar em nada. Apenas fiquei. Os meus amigos de Ipiaú foram para os 3 coqueiros, a pousada das melgas, e eu fiquei no centro de Barra a ver o que se passava. Preparava-me para um passeio pela praia que lá mais à frente faz a ligação com o mar agitado (está vento por aqui, é Primavera!) quando decido ir ao primeiro bar da praia perguntar se aceitavam cartão de multibanco. Já agora, um à aparte...já só tinha 20 reais em dinheiro, o suficiente para ir para Valença, e o cartão MB, inútil na perspectiva de quem quer sacar dinheiro..Em Portugal as caixas de MB são como os Mc donalds..há em todo o lado. Aqui nem por isso...Mas o estranho é que eu não estava preocupada...sempre havia um restaurante que aceitava o cartão e morrer de fome não morria...Voltando ao primeiro bar na praia, o Capitão Gancho, entro na esplanada e algo muito familiar me causa uma sensação estranha até me aperceber que estou a ouvir Pedro Abrunhosa...Perguntei se tinham cartão e a dona do bar nem ouviu o que perguntei, exclamou logo: “és portuguesa!!” Obviamente respondi que sim e fiquei a saber que é casada com um português! Logo me mostra a ementa – tudo pratos da nossa terrinha!!! Muita conversa depois e nenhum passeio pela praia, depois de lhe contar a minha aventura ofereceu-me um banho em casa dela, e dormida numa tenda que o filho tem. O resto deixo à vossa imaginação. Mas amei o sitio, as pessoas, que me receberam como tão bem saber fazer...enfim, já estou entrusada nos nativos de Barra Grande! Nem que estivesse aqui o dia todo tinha tempo para contar tudo em pormenor. Mas já dá para terem uma ideia...Cheguei hoje a Valença depois de 3 tentativas de vir embora de Barra Grande. Eles dizem que é difícil chegar (quase 2 horas de barco..) e mais difícil ainda de sair, é Barra Grande. E não é que é mesmo verdade!!

SORRIA, VOCÊ ESTÀ NA BAHIA